Alteração na programação da Revista de Psicanálise da SPPA – Número 3/25
Prezados assinantes,
Comunicamos que houve uma alteração na programação editorial da Revista de Psicanálise da SPPA
Nos dias atuais, existe um aumento significativo da porcentagem de idosos na população mundial e uma crescente mudança do papel do idoso, em que a imagem dominante – positiva ou negativa - sobre o envelhecimento vem se afastando do processo de declínio físico, evoluindo para uma construção social relacionada ao contexto histórico e econômico. Isto culmina em uma grande heterogeneidade no grupo e coloca em tensão o conceito de idoso, fazendo com que a experiência individual acabe por se impor ao papel social. Apesar dos avanços sociais, esta faixa etária apresenta características intrigantes e portadoras de um estranhamento, frequentemente manejadas nos extremos da desmentida e da infelicidade. Talvez as palavras de Freud (1926) e de Pessoa (1929) possam nos ajudar a pensar a partir do contraste de posições. Quando contava mais de 70 anos de idade, Freud, em uma conhecida entrevista dada à G.S. Viereck, diz,
(...) não me revolto contra a ordem universal, afinal vivi mais de setenta anos. Eu tive o que comer. Desfrutei de muitas coisas – do companheirismo de minha esposa, dos meus filhos, do pôr-do-sol. Eu vi as plantas crescerem na primavera, algumas vezes recebi um aperto de mão de um amigo. Uma ou duas vezes encontrei um ser humano que quase me entendeu. O que mais posso querer? (Freud, 1926)
Em uma poesia, Fernando Pessoa (Álvaro de Campos, 1929) reflete outro modo de sentir a passagem pela vida:
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. (...) Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!... O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...(s/p)
Em grande parte, o envelhecer certamente constitui um processo individual e matizado pelo Eu de cada um. Se buscarmos um ponto em comum dentro da experiência do envelhecimento, talvez a percepção das expressivas mudanças corporais represente o dado mais constante e inexorável. Freud (1915) alertou-nos que, para o inconsciente, a ideia da própria morte é inacessível, bem como a passagem cronológica do tempo e, por consequência, o envelhecimento. Como na adolescência, na qual o Eu deverá sobreviver ao novo corpo e ao estatuto do gozo orgástico (Roussillon, 2013), o que este corpo em transformação pelo envelhecimento acaba nos impondo em termos de trabalho psíquico? De que forma trabalhamos as noções e os destinos pulsionais em tal fase? Quais ilusões e desilusões nos acompanham nesta etapa da vida? O que conquistamos com a experiência de envelhecer? Podemos entender que, hoje, em paralelo ao aumento da expectativa de vida, existe qualidade para este alongamento de tempo? Percebemos em nossa cultura o respeito, a consideração, a valorização ou a admiração pelo conhecimento e pela experiência de pessoas mais velhas? Ou há uma mudança de paradigma ao serem invertidas as posições, hipervalorizando a juventude, a força física e o vigor sexual da adolescência? Seria realmente possível para o ser humano tomar a vivência de generatividade proposta por Erikson (1998) como uma possibilidade? Ela contempla uma perspectiva em que a continuidade ocorre através do desejo de guiar, orientar e ajudar as novas gerações a encontrar seu lugar no mundo, permitindo ao final uma sensação de maior integridade do Eu. Reflexão e experiência, elementos essenciais para a cadeia de ciclos, funcionariam como contrapartida às vivências de estagnação. Estas seriam algumas questões concernentes à concepção psicanalítica do envelhecer, vivenciada e testemunhada pelo nosso próprio envelhecimento, bem como de nossos pacientes e analistas. Ao expandir a questão do envelhecimento enquanto processo contínuo, infinito e não restrito apenas ao universo intrapsíquico, relacionando-o ao mundo externo, observamos o envelhecer, acompanhado ou não de morte, para instituições, ideologias, conceitos, modelos, tecnologias e tendências. Desta forma, questionamo-nos se, após fases transitórias, o que sobrevém é o amadurecimento com ganho de experiência ou a morte no sentido de precisar morrer para renascer, renovar. Os vértices da continuidade progressiva mantém-se ou há rupturas? E sobre a psicanálise? Percebe-se um “ envelhecimento “ em nossos modelos de formação? Ou há renovação nos protocolos formativos e na transmissão de conhecimento para as novas gerações de psicanalistas? Em que medida as mudanças sistemáticas e frenéticas a que temos sido desafiados contemplam e evoluem nossos modelos teóricos e técnicos ou nos impulsionam a emergentes mudanças ao avançar de forma impensada, saltando entre extremos arriscados de banalização ou extinção da psicanálise?
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