Novas reflexões sobre o Processo Civilizatório a partir de uma expansão do conceito de sublimação em Jean Laplanche
Palavras-chave:
Jean Laplanche, Sublimação primária, Atividade tradutiva, Escuta psicanalítica, Alteridade, Processo civilizador, Mito-simbólico, Ética da tradução, Solidariedade, Cultura e psicanáliseResumo
O ensaio propõe uma leitura metapsicológica da obra de Jean Laplanche, articulando sua Teoria da Sedução Generalizada com a hipótese de um componente civilizatório da pulsão sexual de vida. Questionando a centralidade do recalque no processo civilizatório tal como formulado por Freud, o autor desenvolve a tese de que a atividade tradutiva — especialmente em sua forma sublimatória — constitui não apenas o sujeito psíquico, mas também a possibilidade de laços solidários, de cuidado com o outro e de inscrição simbólica na cultura. A sublimação primária, aqui pensada como atividade de significação do enigma sexual do outro, funda um movimento ético de tradução, instaurando uma posição de escuta que reconhece e sustenta a alteridade como irredutível. Nesse contexto, o processo civilizatório é compreendido como um esforço coletivo e histórico de tradução compartilhada, enquanto os movimentos anticivilizatórios derivam do fracasso da tradução e da obstrução produzida por elementos do pseudoinconsciente do mito-simbólico. A clínica psicanalítica, longe de operar como dispositivo de cura, é apresentada como espaço ético de manutenção do enigma e de solidariedade silenciosa. Traduzir, escutar e cuidar passam a ser efeitos da atividade psíquica sublimatória, assim como fundamentos de um vir-a-ser humano vinculado à alteridade que nos constitui.
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