Construir a vergonha
Palavras-chave:
Precursores da vergonha, Exposição, Ausência de vergonha, Confins do eu, Ideal do eu, Recalque, Narcisismo, Processo analítico, Subjetividade, Elaboração edípicaResumo
Este trabalho analisa a passagem das condições nas quais há ausência
de vergonha à possibilidade de experimentar este afeto. Partindo do
que nós definimos como os precursores da vergonha, procuramos
compreender o quê, no percurso evolutivo, promove ou bloqueia a
possibilidade de experimentar este sentimento, chegando a considerar
que a impossibilidade de experimentá-lo tenha relação sobre tudo com
a necessidade de desconhecer o objeto como outro de si, no sentido de
manter com ele, ao menos em algumas vertentes da relação, aspectos
de indiferenciação. O outro, o estranho, que pode provocar angústia e
sentimento persecutório, é posto em confronto com a relação indiferenciada,
e é a partir deste confronto, da reverberação deste dois componentes
estranheza-familiaridade, que nasce o afeto da vergonha. O surgimento
deste sentimento, no decorrer do trabalho analítico, assinala, portanto,
importantes modificações no campo defensivo e na qualidade da relação
de transferência do paciente. Para desenvolver este percurso, utilizamos
alguns fragmentos de um caso literário, Lord Jim de Joseph Conrad (1900),
no qual a vergonha está sempre presente nas suas várias declinações,
sem nunca poder ser acolhida e reconhecida no sentir do protagonista,
e uma passagem da análise de um paciente que mostra justamente esta
transformação da ausência à presença da vergonha, articulação essencial
para a possibilidade de elaboração do campo pulsional e edípico.
Downloads
Referências
AMATI, S. (1992). Ambiguity as the route to shame. Int. J. Psycho-anal. v. 73, n. 2, p. 329-341.
ANZIEU, D. (1985). Le moi-peau. Paris: Bordas.
CONRAD, J. (1900). Lord Jim. London: Penguin Books, 1994.
FENICHEL, O. (1946). The psychoanalytic theory of neuroses. London: Routledge & Kegan Paul.
FREUD, S. (1899). The interpretation of dreams. Standard Edition. v. 4. London: Karnac Books,
, p. 1-630.
. (1915a). Mourning and melancholia. Standard Edition. v. 14. London: Karnac Books,
, p. 243-270.
. (1915b). The unconscious. Standard Edition. v. 14. London: Karnac Books, 1975, p. 117‑144.
. (1924). The loss of reality in neurosis and psychosis. Standard Edition. v. 19. London:
Karnac Books, 1975, p. 183-211.
GREEN, A. (1990). Psicoanalisi degli stati limite. Milano: Raffaello Cortina, 1991.
GUILLAUMIN, J. (1973). Honte culpabilité et depression. Revue Française de Psychanalyse. v.
, p. 983-1006.
JANIN, C. (2003). Pour une théorie psychanalytique del la honte. Revue Française de Psychanalyse.
v. 67, p. 1657-1742.
KINSTON, W. (1983). A theoretical context for the shame. Int. J. Psycho-anal. v. 64, n. 2, p. 213-226.
LA SCALA, M. (1998). Morire di vergogna. In: RACALBUTO, A. Impasse in psicoanalisi e patologie
narcisistiche. Milano: Dunod Masson Spa.
LA SCALA, M.; MUNARI, F. (2003). Vergogna e colpa: dalle origini all’Edipo. Rivista di
Psicoanalisi. v. 49, n. 3, p. 675-684.
MAHLER, M.; PINE, F.; BERGMAN A. (1975). The pychological birth of the human infant.
Symbiosis and individuation. New York: Basic Books.
MUNARI, F.; LA SCALA, M. (1995). Significato e funzioni della vergogna. Rivista di Psicoanalisi.
v.41, n. 1, p. 5-27.
. (2003). La honte. Voir l’autre me voire. Revue Française de Psychanalyse. v. 67, p. 1817-
OXFORD English dictionary. (1999). New York: Oxford University.
SÓFOCLES. (411 a.C). Edipo re. In: SÓFOCLES. Tutte le tragedie. Roma:Newton Compton, 1978.
WINNICOTT, D. (1971), Playing and reality. London: Tavistock.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Atribuo os direitos autorais que pertencem a mim, sobre o presente trabalho, à SPPA, que poderá utilizá-lo e publicá-lo pelos meios que julgar apropriados, inclusive na Internet ou em qualquer outro processamento de computador.
I attribute the copyrights that belong to me, on this work, to SPPA, which may use and publish it by the means it deems appropriate, including on the Internet or in any other computer processing.
Atribuyo los derechos de autor que me pertenecen, sobre este trabajo, a SPPA, que podrá utilizarlo y publicarlo por los medios que considere oportunos, incluso en Internet o en cualquier otro tratamiento informático.