Os vestíbulos do Édipo: impasses da triangulação
Palavras-chave:
Psicanálise, Édipo, Relações primárias, Triangulação, ObjetosResumo
Este artigo consiste em uma investigação sobre o complexo de Édipo, a partir de um estudo de caso clínico. Nosso objetivo é refletir sobre os impasses decorrentes do não atravessamento da situação edipiana. Na teoria kleiniana, o período pré-edípico passa a ser concebido como parte da situação edipiana, iniciando um percurso que pode ou não desembocar no complexo de Édipo. No campo das relações primárias, a incapacidade do objeto de receber e de transformar as projeções da criança compromete a internalização da triangulação. Devido a essa falha, acontece uma interrupção na triangulação incipiente. O estudo de um caso clínico ajudou-nos a refletir sobre as dificuldades intrassubjetivas e intersubjetivas relacionadas a uma prevalência da situação edipiana sobre o atravessamento do complexo de Édipo. Quando a triangulação não pode ser sustentada, há uma fragilidade na demarcação dos limites do Eu, assim como uma dificuldade de se tolerar a ambivalência. O predomínio da situação edipiana implica uma falha na diferenciação entre o self e os objetos, acarretando um estado de confusão entre realidade psíquica e mundo externo. Consideramos que o trabalho analítico permitiu à paciente construir fronteiras psíquicas mais consistentes, modificando a relação dual estabelecida por ela com o casal parental.
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