A escrita psicanalítica na pandemia do Coronavírus: tempos de elaboração no Observatório Psicanalítico Febrapsi

Autores

Palavras-chave:

Trauma, Elaboração, Escrita psicanalítica, Observatório psicanalítico, Clínica extensa

Resumo

Analisa-se a intervenção proposta pelo Observatório Psicanalítico Febrapsi (OP), estratégia clínico-política de escrita de psicanalistas, para a elaboração secundária dos eventos que produzem o mal-estar atual ao longo da pandemia do Coronavírus. Os textos são escritos no formato de ensaios, de caráter autoral, reflexivo, expressando a experiência pessoal dos autores com o acontecimento. No processo, identificam-se cinco tempos: o Tempo Zero, aquele dos acontecimentos sociopolíticos, culturais e institucionais que nos afetam; segue-se o Tempo Um, constituído pela elaboração dos psicanalistas, por meio dos ensaios, avançando-se, então, para a elaboração coletiva dialógica entre os pares, considerado o Tempo Dois; em seguida, ocorre a elaboração da equipe de curadores na escrita de editoriais, o Tempo Três; o Tempo Quatro caracteriza-se pelo acesso do leitor a essas elaborações, por meio das mídias sociais utilizadas pelo Observatório. Conclui-se que o OP é um modo institucional de exercício de clínica extensa. No vértice de intervenção, vislumbra-se a possibilidade de produzir efeitos nos diferentes sujeitos alcançados por essa estratégia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Elizabeth Mori, Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb)

Psicóloga, psicanalista, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (UnB). Membro associado da Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPBsb).

Roque Tadeu Gui, Associação Junguiana do Brasil

Psicólogo, analista junguiano, doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (UnB). Membro da Associação Junguiana do Brasil/ International Association for Analytical Psychology (AJB/IAAP).

Referências

Agamben, G. (2005). A exceção e o excesso, Agamben & Bataille. Outra Travessia. Revista do Curso de Pós-Graduação em Literatura, nº. 5, pp. 9-16. Universidade Federal de Santa Catarina, Ilha de Santa Catarina, segundo semestre de 2005.

Calvino, I. (2015). Mundo escrito e mundo não escrito. Artigos, conferências e entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras. (Original publicado em 2002)

Canelas Neto, J.M. (2020). Pandemia do coronavírus, epidemia de pânico e a evolução da humanidade. In Observatório Psicanalítico Febrapsi (OP-150 de 16 de março de 2020). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/observatorio-psicanalitico-1502020/

Debieux Rosa, M. (2016). A clínica psicanalítica em face da dimensão sociopolítica do sofrimento. São Paulo: Escuta/FAPESP.

Foucault, M. (2000). Sobre a História da Sexualidade. In M. Foucault, Microfísica do poder, (pp. 243-27). Rio de Janeiro: Grall.

Freud, S. (2010). O mal-estar na civilização. In Sigmund Freud. Obras completas, (Vol. 18, pp. 13-122). Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Editora Companhia das Letras. (Original publicado em 1930)

Giovannetti, M. F. (2012). Considerações sobre a escrita psicanalítica. Ide (SBPSP), 34(53), 243-248. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062011000200021

Herrmann, F. (2003). Clínica extensa. In L.M.C. Barone (Coord.), (2005). A psicanálise e a clínica extensa. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.

Herrmann, L. (2019). Psicanálise e cultura: clínica do mundo. In Observatório Psicanalítico Febrapsi, (OP-104, de 1 de maio de 2019). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/psicanalise-e-cultura-clinica-do-mundo/

Kehl, M.R. (2016). Prefácio. In M. Debieux Rosa, A clínica psicanalítica em face da dimensão sociopolítica do sofrimento. São Paulo: Escuta/FAPESP.

Krebs, V.J., & Jochamowitz, E. (2013). Catástrofe e despertar. O tempo em Walter Benjamin. Calibán. Revista Latino-americana de Psicanálise (FEPAL), 11(1), 175-181. Recuperado de https://calibanrlp.com/wp-content/uploads/2021/05/2-Caliban-11-1-CAST-para-WEB.pdf

Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (1970). Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

Mezan, R. (2003). Seleção de percursos. Caderno Mais - Folha de São Paulo. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2906200317.htm

Mori, M.E.; Boianovsky, D.; Frateschi, L.; Bilenky, M. (2020). Editorial Mês de Maio. In Observatório Psicanalítico Febrapsi (02 de junho de 2020). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/editorial-op-maio2020/

Mori, M.E (2020). Observatório psicanalítico da Febrapsi: Atravessando fronteiras. Revista Calibán. Revista Latino-americana de Psicanálise (FEPAL), 18(1), 242-253. Recuperado de https://calibanrlp.com/wp-content/uploads/2020/10/caliban-18-Fronteras-es_compressed.pdf

Mori, M.E, Boianovsky, D, Fratesch, L, & Degani, R. (2021). Só depois, 18. Editorial do mês de outubro. In Observatório Psicanalítico Febrapsi (04 de novembro de 2021). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/editorial-observatorio-psicanalitico-outubro-2021/

Mori, M.E. (2018). A clínica psicanalítica: uma prática política. Revista Brasileira de Psicanálise, 52(3), 91-105.

Pontalis, J. B. & Mango, E. G. (2014). Freud com os escritores. São Paulo: Estrelas.

Pontual, H. D. (2021). Brasil vive regressão civilizatória. In Observatório Psicanalítico Febrapsi (OP-245 de 21 de maio de 2021). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/observatorio-psicanalitico-op-245-2021/

Rea, S. (2020). Tempo morto: cinema e pandemia. In Observatório Psicanalítico Febrapsi (OP-180 de 15 de julho). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/observatorio-psicanalitico-1802020/

Rivera, T. (2017). Desejo de ensaio. In T. Rivera, L.A.M. Celes, E.L.A. Sousa, (Orgs). Psicanálise, (pp.11-23). Rio de Janeiro: FUNARTE.

Rivera, T. (2020). Psicanálise antropofágica (identidade, gênero, arte). Porto Alegre: Artes & Ecos.

Rossi, A. & Passos, E. (2014). Análise institucional: revisão conceitual e nuances da pesquisa-intervenção no Brasil. (pp. 156-181). Vol. 5, n.1, jan-jun. Revista EPOS. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epos/v5n1/09.pdf

Rouanet, P. S. (2001). Os dez amigos de Freud. São Paulo: Companhia das Letras.

Roudinesco, E. & Plon, M (1998). Dicionário de psicanálise. São Paulo: Zahar editora.

Seligmann-Silva, M. (2018). O local da diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Editora 34.

Tavares, M. J. (2021). Imagine a dor, imagine a cor. Vidas negras importam XIV. In Observatório Psicanalítico Febrapsi. (OP-275, de 29 de outubro de 2021). Recuperado de https://febrapsi.org/publicacoes/observatorio/observatorio-psicanalitico-op-275-2021/

Žižek, S. (2017). Acontecimentos: uma viagem filosófica através de um conceito. Trad. Carlos Alberto Medeiros. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar.

Publicado

04-12-2021

Como Citar

Mori, M. E., & Gui, R. T. (2021). A escrita psicanalítica na pandemia do Coronavírus: tempos de elaboração no Observatório Psicanalítico Febrapsi. Revista De Psicanálise Da SPPA, 28(3), 693–716. Recuperado de https://sppa.emnuvens.com.br/RPdaSPPA/article/view/mori_gui