A clínica borderline: da psicopatologia às configurações do campo analítico
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v17i1.750Palavras-chave:
Psicanálise, Borderline, Campo analítico, Transferência, Contratransferência, Critérios diagnósticos, Técnica, Impasses terapêuticosResumo
As patologias borderline têm recebido muita atenção, por sua frequência crescente e seriedade dos quadros clínicos. A produção científica intensa das últimas décadas resultou num corpo de conhecimentos teóricos e práticos bastante consistente, essencial para o diagnóstico, compreensão e manejo técnico mais criteriosos. Tanto sua classificação indiscriminada quanto o não reconhecimento do diagnóstico podem ser prejudiciais. Nos tratamentos psicanalíticos, o que se evidencia são vínculos transferenciais/ contratransferenciais que repetem, em alguma medida, a tendência oscilatória, impulsiva e, muitas vezes, destrutiva desses pacientes. São tratamentos difíceis que frequentemente evoluem para impasses terapêuticos. O presente trabalho busca revisar os sistemas classificatórios dos transtornos borderline, bem como sua compreensão dinâmica e as técnicas específicas para seu tratamento psicanalítico. São apresentados dois casos clínicos, para ilustrar os movimentos inconscientes entre analista e paciente, em que se estabelecem configurações peculiares do campo analítico. Em ambos, o funcionamento inicial, aparentemente produtivo, contrasta muito com a ameaça de desestruturação latente. No primeiro caso, porém, a analista mantém sua capacidade de rêverie, enquanto, no segundo caso, vê-se com sua função analítica maciçamente atacada e parcialmente bloqueada. O aprendizado que o tratamento desses casos possibilita ultrapassa os limites da clínica borderline, já que, mesmo em tratamentos de pacientes com estrutura neurótica, estão previstas eventuais configurações borderline do campo analítico (AU)
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