Adicção ao sofrimento
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v19i2.560Palavras-chave:
Sofrimento, Paradoxo, Desamparo, ViolênciaResumo
A partir de uma experiência de violência doméstica narrada na sala de
análise, realiza-se uma tentativa de compreensão psicanalítica da adicção
ao sofrimento baseada nas contribuições de Freud, Fairbairn, Grotstein,
Roussillon e Winnicott. A autora destaca a clínica de situações limites em
que se observam movimentos de desintegração frente à incapacidade de
ligação da psique entre as ordens da realidade interna e externa,
evidenciando-se um paradoxo no qual a paciente não pode parar de se
submeter à violência, pois é através deste expediente que ela crê no alívio do seu sentimento de desamparo, garantindo a condição de se sentir amada. Simultaneamente, esse comportamento que a liga ao objeto é fonte de rejeição por parte deste. A situação de sofrimento, resultante deste paradoxo, tem a culpa como elemento que organiza um sistema defensivo em que a submissão e a devoção colocam a paciente como toxicômana do amor do objeto. Frente à adicção ao sofrimento, depurar e converter o objeto se apresenta como uma saída onipotente para salvarse a si mesma. A intenção da autora é discutir o trabalho analítico dessas configurações paradoxais na estabilidade e previsibilidade do setting, na disponibilidade de escuta e sustentação emocional e no desenvolvimento da confiança, em busca de um amor – transferencial – ainda desconhecido (AU)
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