Adicção ao sofrimento

Autores

  • Helga de S. de S. Machado Quagliatto Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v19i2.560

Palavras-chave:

Sofrimento, Paradoxo, Desamparo, Violência

Resumo

A partir de uma experiência de violência doméstica narrada na sala de
análise, realiza-se uma tentativa de compreensão psicanalítica da adicção
ao sofrimento baseada nas contribuições de Freud, Fairbairn, Grotstein,
Roussillon e Winnicott. A autora destaca a clínica de situações limites em
que se observam movimentos de desintegração frente à incapacidade de
ligação da psique entre as ordens da realidade interna e externa,
evidenciando-se um paradoxo no qual a paciente não pode parar de se
submeter à violência, pois é através deste expediente que ela crê no alívio do seu sentimento de desamparo, garantindo a condição de se sentir amada. Simultaneamente, esse comportamento que a liga ao objeto é fonte de rejeição por parte deste. A situação de sofrimento, resultante deste paradoxo, tem a culpa como elemento que organiza um sistema defensivo em que a submissão e a devoção colocam a paciente como toxicômana do amor do objeto. Frente à adicção ao sofrimento, depurar e converter o objeto se apresenta como uma saída onipotente para salvarse a si mesma. A intenção da autora é discutir o trabalho analítico dessas configurações paradoxais na estabilidade e previsibilidade do setting, na disponibilidade de escuta e sustentação emocional e no desenvolvimento da confiança, em busca de um amor – transferencial – ainda desconhecido (AU)

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helga de S. de S. Machado Quagliatto, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

Referências

ABRAM, J. (2000 ). Self. In: A linguagem de Winnicott: dicionário de palavras e expressões

utilizadas por Donald W. Winnicott. Rio de Janeiro: Revinter, p. 220-237.

CELERI, E. H. R. V., OUTERIAL, J., MELLO FILHO, J. de, GOLDSTEIN, R. Z. (2008) Paradoxo,

objeto transicional e fetiche. Rev. Bras. Psicanálise, v. 42, n. 1, p. 60-73.

COIMBRA DE MATOS, A. (2000). O problema da melancolia na obra de Fairbairn. Rev. Bras.

Psicanálise, v. 34, n. 1, p. 25-37.

FAIRBAIRN, W. R. (1944). Las Estructuras endopsíquicas consideradas em términos de relaciones

de objeto. In: Estudio psicoanalítico de la personalidad. Buenos Aires: Paidós, 1978, p. 91-133.

FREUD, S. (1915). Luto e melancolia. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas

completas de Sigmund Freud. v. 14. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 275-292.

. (1923a). As relações dependentes do ego. In: Edição standard brasileira das obras

psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 19. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 64-76.

. (1923b). O ego e o id. In: Edição standard brasileira das obras psicológicas completas

de Sigmund Freud. v. 19. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 23-284.

. (1924). O problema econômico do masoquismo. In: Edição standard brasileira das obras

psicológicas completas de Sigmund Freud. v. 19. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 217-228.

FORLENZA NETO, O. (2002). Da realidade do mundo ao sentir-se real. Rev. Bras. Psicanálise, v.

, n. 4, p. 817-826.

GREENBERG, J. R.; MITCHELL, S. A. (1994). W. R. D. Fairbairn. In: Relações objetais na

teoria psicanalítica. Porto Alegre: Artes Médicas, p. 111-169.

GROTSTEIN, J. S. (2000). “O tigre no portão”, reflexões sobre a turbulência emocional, de Bion.

Rev. de Psicanálise da SPPA, v. 7, n. 3, p. 461-472.

OLIVEIRA, A. R. D. (2007). Amor primitivo, amor verdadeiro. Rev. Bras. Psicanálise, v. 41, n. 4,

p. 89-102.

ROUSSILON, R. (1991). Le fait psychanalytique: paradoxes et situations limites de la psychanalise.

Paris: PUF, 1992.

TANIS, B. (2010). Presença do paradoxo na construção de vínculos: clínica, alteridade e cultura.

Jornal de Psicanálise – São Paulo. v. 43, n. 78, p. 57-78.

WINNICOTT, D. W. (1958). Psicanálise do sentimento de culpa. In: O ambiente e os processos de

maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983, p. 19-30.

. (1960). Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro “self”. In: O ambiente e os

processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983, p. 128-139.

. (1968). A comunicação entre o bebê e a mãe e entre a mãe e o bebê: convergências e

divergências. In: Os bebê e as mães. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 79-92.

. (1971). O lugar em que vivemos. In: O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago,

, p. 145-152.

Publicado

01-08-2012

Como Citar

Quagliatto, H. de S. de S. M. (2012). Adicção ao sofrimento. Revista De Psicanálise Da SPPA, 19(2), 431–442. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v19i2.560

Edição

Seção

Artigos