A preocupação psicanalítica primária. Tempo de despertar
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v25i2.370Palavras-chave:
psicanálise, técnica psicanalítica, manejo, contratransferência, intuição, casos regressivos, transtorno de personalidade borderlineResumo
Considerando-se o número crescente de relatos e de publicações a respeito dos pacientes graves na clínica atual, bem como a consequente necessidade de adequações técnicas buscando viabilizar seu atendimento, a autora descreve manejos que utiliza durante períodos limitados e em situações clínicas específicas, tais como momentos regressivos de pacientes neuróticos, atendimento de pacientes borderline e, em especial, para os pacientes nos quais impera o trabalho do negativo (Green, 1993), denominando-os os adormecidos. Entende que a disponibilidade, a confiabilidade e a presença ativa do analista encontramse entre os fatores de maior relevância para o adequado suprimento das demandas desses casos regressivos. Inspirada pelas ideias de Winnicott, ampara-se nos escritos de Ferenczi, Kahr, Ogden e Bollas, dentre outros, para embasar as ferramentas expostas, concordando com a importância do pluralismo teórico e do incentivo a uma maior e mais detalhada exposição de inovações técnicas. A autora busca narcisizar os adormecidos com seu investimento, através dos manejos positivantes – mensagens estímulo, função despertar e conversation therapy (Ogden, 2016), despertando-os gradativamente, circunstância que os auxilia na aderência ao tratamento, possibilitando o trabalho que irá encaminhá-los rumo ao mundo dos desejos, gratificações e frustrações. Conclui que, através da contratransferência, da intuição e da arte da técnica (Bollas, 2015), o analista adquire as condições de adoecer para então atender ao seu paciente da maneira como a mãe atende o recém-nascido, como afirma Kahr (2016): preocupação psicanalítica primária.
Palavras-chave: psicanálise; técnica psicanalítica; manejo; contratransferência; intuição; casos regressivos; transtorno de personalidade borderline
Abstract
The primary psychoanalytic preoccupation. Time to wake up
Considering the growing number of reports and publications on serious cases
seen in current clinical practice and the consequent need to improve techniques to care for such patients, the author describes maneuvers that she uses for limited periods of time and in specific clinical situations, such as moments of regression with neurotic patients, caring for borderline patients and, especially, for those to whom she refers as the sleeping, in whom the work of the negative (Green, 1993) rules. She considers the availability, the reliability, and the active presence of the analyst to be among the most relevant elements for adequately meeting the demands of such regressive cases. Inspired by Winnicott’s ideas, the paper draws support from the writings of Ferenczi, Kahr, Ogden and Bollas, among others, to provide a foundation for, and to validate, the tools proposed, being in agreement with the importance of theoretical pluralism and encouragement for a more detailed description of technical innovations. The author seeks to narcisize the sleeping with her investment, through positivizing techniques – stimulating messages, the waking up function and the conversation therapy (Ogden, 2016), – gradually waking them up. This helps them adhere to treatment, enabling a rebirth of hope and belief in the work that sets them on the path towards the world of desires, gratifications, and frustrations. The author concludes that, through countertransference, intuition, and the art of the technique (Bollas, 2015), the analyst acquires the ability to fall ill in order to care for her patient in the manner in which a mother cares for her newborn, that is, primary psychoanalytic preocupation, as proposed by Kahr (2016).
Keywords: psychoanalysis; psychoanalytic technique; management; countertransference; intuition; regressive cases; borderline personality disorder
Resumen
La preocupación psicoanalítica primaria. Tiempo de despertar
Considerando el número creciente de relatos y de publicaciones en las que se abordan casos de pacientes graves en la clínica actual, así como la consecuente necesidad de introducir adecuaciones técnicas con vistas a viabilizar su atención, la autora describe técnicas que utiliza durante períodos limitados de tiempo y en situaciones clínicas específicas, como momentos regresivos de pacientes neuróticos, atención de pacientes borderline y, en especial, con pacientes en los cuales impera el trabajo de lo negativo (Green, 1993) y a los cuales denomina los durmientes. Ella entiende que la disponibilidad, la confiabilidad y la presencia activa del analista se encuentran entre los factores de mayor relevancia para el adecuado manejo de las demandas de esos casos regresivos. Inspirada en las ideas de Winnicott, se ampara también en los escritos de Ferenczi, Kahr, Ogden, Bollas, entre otros, para basar las herramientas que presenta, abonando, así, la importancia del pluralismo teórico y del incentivo a una mayor y más detallada exposición de las innovaciones técnicas. La autora busca narcisizar a los durmientes con su investidura, por medio de manejos positivantes – mensajes estímulo, función despertar y conversation therapy (Ogden, 2016) – despertándolos gradualmente, circunstancia que los ayuda en la adhesión al tratamiento, posibilitando el trabajo que los derivará hacia el mundo de los deseos, gratificaciones y frustraciones. Concluye que, por medio de la contratransferencia, de la intuición y del arte de la técnica (Bollas, 2015), el analista adquiere las condiciones de enfermarse para, entonces, atender a su= paciente de la misma manera en que la madre atiende al recién nacido. En palabras de Kahr (2016), se trata de la preocupación psicoanalítica primaria.
Palavras clave: psicoanálisis; técnica psicoanalítica; manejo; contratransferencia; intuición; casos regresivos; trastorno de personalidad borderline
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