A propósito da família na atualidade

Resumo

Em seu trabalho, o autor descreve o imaginário cultural sobre o qual deve se desenvolver a família na atualidade. Referem-se, assim, as condições adversas que debilitam a possibilidade de se fundar uma família e as críticas, válidas muitas delas, que se fazem a esse modo de organização social enquanto geradora de patologia. Ancora os conflitos que repercutem na família no fato crucial que supõe a defecção estrutural da figura do Pai. Sustenta que, apesar da crise que afeta a família ocidental, se comprova, mesmo nos grupos marginais e contestadores, um desejo de família. O autor pensa que as formas e os estilos que as estruturas familiares adotarem no futuro são contingentes, com a condição de que se preservem duas características iniludíveis para se assegurar a “normalidade neurótica” dos filhos, a saber: a precedência do Pai no Saber com a conseqüente atenção à sua hierarquia e dignidade, devendo-se manter a distância simbólica entre as gerações e a adequada consolidação da necessária oposição diferencial das funções maternais e paternais. As distorções identificatórias da criança com seus pais vêem-se exacerbadas, quando se elidem as diferenças opositivas do masculino e feminino no par parental. Desenvolve, mesmo assim, algumas considerações sobre as falhas – geradoras de patologia – que tanto se observam nas funções paterna e materna. Finalmente sustenta que a psicanálise deve contribuir com sua leitura imprescindível da atual situação por que passa a família com o objetivo de consolidar uma organização que sustente uma ética da diferença, necessária à constituição da subjetividade.